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Quem Sou
Como tudo começou - A minha história com a Música
Tudo começou quando nem eu tinha noção do que a música era, mas lembro-me, desde pequeno, ser incentivado pelo meu pai a tocar. Fazíamos as nossas jams na sua autocaravana, junto à praia, com os seus instrumentos africanos e orientais, que embora gostasse, acabavam por ser sempre curtas, pois aquela música provocava-me um estado de tranquilidade tão grande que acabava por adormecer passado 15 minutos...
Não tenho fotos desta altura, a tocar com o meu pai, mas aqui estamos nós,
num mood bem tranquilo.
Esse facto foi um dos motivos que incentivou o meu desinteresse pela música numa primeira fase, onde o desporto prevaleceu durante anos no top dos meus interesses, através do futebol, skate, basquete e o ténis de mesa.
é uma montagem que na altura foi feita para um postal, cenas da minha mãe...
Com onze anos, surgem as primeiras paixões e desgostos amorosos, que me aliciavam a uma vontade enorme de exprimir certas coisas que eu simplesmente não conseguia dizer. Então, comecei a agarrar-me à escrita e à poesia. Os anos foram passando e aquela poesia meramente dita já não me encantava, faltava-lhe algo que a embalasse até mim, e que me deixasse embalar com ela...
Naquela altura, a música que me fazia sentido era o Rap, logo, a minha escrita começou a ganhar um carisma mais interventivo que culminou com a idade da rebeldia, e dado os meus treze anos de idade, retratar o ecossistema que me rodeava era fundamental, por isso, tomei como tema principal a escola e tudo o que a envolvia, desde os conflitos entre miúdos de diferentes classes até aos professores injustos, onde identificava uma certa hipocrisia generalizada, devido à falta de um diálogo coerente entre ambos.
Esta foto, da minha ida a uma exposição do Banksy, retrata bem a minha perspetiva da altura:
ser gentil, mas sempre preparado (para poder deixar de o ser)!
O surgimento da pandemia vem provocar uma grande mudança em mim e principalmente no estilo de música que consumia, pois estar em casa obrigava-me a ter que ouvir as playlists da minha mãe. E no meio de toda aquela panóplia, eram os êxitos de Pink Floyd, Scorpions, Queen, Dire Straits... que me cativavam. Nessa mesma altura, faço uma lesão no pé e fico em repouso total, onde a primeira ideia que me ocorreu para distração foi a viola antiga da minha mãe, na qual comecei a arranhar uns primeiros acordes... E aprendi a minha primeira música, “Wish You Were Here” dos Pink Floyd.
Aos poucos, a minha relação com o instrumento foi-se criando, em que, numa primeira fase, muito se baseou na aprendizagem de novas músicas a partir da internet, pois forneciam novos acordes, ritmos e dedilhados. Algo que me agradou bastante, já que naquela altura tinha uma particular motivação para a vertente criativa, ou seja, com apenas meia-dúzia de acordes e dois ritmos de baixo dos dedos, surgiram as minhas primeiras canções, “Então” e “Tenho Saudades”, ambas compostas de ouvido.
Como tinha alguma vergonha em cantar, comecei a pedir emprestada a chave da Associação Cultural MIAU, da qual a minha mãe fazia parte, para poder treinar as minhas músicas e também utilizar algum equipamento técnico (microfones, colunas, amplificadores). Então, quando sabia que o espaço estava livre, lá ia eu todo contente pôr a minha arte em dia.
Aquela influência do Rock fez-me um pouco refém e a culpa foi do "ídolo máximo" de qualquer adolescente sonhador como eu, que ao ouvir aquelas palavras passava automaticamente a acreditar que tudo era possível... Nada como os Doors, nada como o Jim e assim sendo, a viola clássica de cordas de nylon foi perdendo o brilho, ofuscada por uma Squier modelo Bullet, daquelas mesmo baratuchas mas que, quando conectada a um amplificador, transformava-se num verdadeiro monstro e como a qualidade sonora não era de todo uma prioridade, o ruído metálico e psicadélico reinou.
Começo a aprender a solar, decorando os desenhos da pentatónica e licks. Este surgimento de novas ferramentas para criação foi uma lufada de ar fresco, possibilitando uma maior abrangência do meu espectro musical. Era capaz de visualizar uma estrutura para a composição dos meus temas, com introdução, versos, refrão, pontes, solos, etc. A vontade de colocar em prática as minhas ideias era gigante, mas o problema era "como?": eu não sabia transpor, ou sequer identificar, aquela informação que recebia.
Cheguei à conclusão de que efetivamente tinha uma carência a nível do conhecimento da música e assim aquela ideia ingénua - de que o conhecimento que adquirira seguindo a linha autodidata era suficiente para vingar nesta via artística - passou a ser boa de mais para ser verdade. Ainda para mais quando termino o secundário a ganhar, para mim de forma bem inesperada, o 1º Prémio do Concurso de Talentos da minha escola (Maria Amália Vaz de Carvalho). Só a minha avó foi cúmplice deste momento que me deixou meio abananado...
Chega o verão de 2023, que foi um ano de muita mudança. Com ele senti verdadeiramente as responsabilidades a ganhar um outro peso, pois já era maior de idade, acabara o 12º ano... "E agora?", perguntava eu, sem saber o que seguir, ou que rumo dar à minha vida. A única certeza que tinha, era que gostava de música, de escrever poesia, e de compor canções de qualquer género musical - capacidade de múltipla pluralidade.
Excerto de um vídeo da apresentação de uma canção minha na festa dos 18 anos, que juntou familiares e amigos e se realizou no Espaço Monsanto, em Lisboa (aqui estamos no auditório).
Nessa altura, a minha mãe já estava há dois anos em São Luís, uma aldeia mágica, situada junto ao litoral alentejano, no concelho de Odemira, a qual eu visitava ocasionalmente, pois vivia ainda em Lisboa, com os meus avós, para concluir o secundário. E sempre que visitava São Luís, sentia-me cheio de uma energia tão boa! Era realmente gratificante lá ir, talvez por rever a minha mãe e o meu irmão mais novo, mas mais do que isso, por lá encontrar uma certa esperança, de ver tantos indivíduos diferentes a conviverem, partilhando as suas opiniões, projetos e experiencias de vida, formando um todo bastante harmonioso.
Era aquela genuinidade no olhar de cada um deles, manifestando uma vontade enorme de participar e de querer mudar um pouco o mundo - ali existia um verdadeiro espaço comum! Ter a oportunidade de conhecer pessoas de todo o mundo, com vidas e projetos incríveis, de uma enorme importância, que abraçavam valores fulcrais como a sustentabilidade e o cooperativismo, no meio em que vivem, foi algo que me cativou bastante.
Desta maneira, São Luís deixava de ser apenas um bom sitio para passar férias, para tornar-se uma hipótese de um novo estilo de vida, mais junto das pessoas e da natureza, e mais ciente dos problemas sociais e ambientais que afetam a nossa região, dando-me, ao mesmo tempo, a hipótese de progredir nos meus estudos ligados à vertente musical. Penso que foi a decisão mais acertada, até agora estou adorar e por cá tenciono ficar, por agora.
Vídeos de São Luís, com três perspetivas diferentes...
A Rapariga Caminhante fazendo a 'Rota das Hortas',
um dos percursos pedestres da Rota Vicentina
O Carnaval de São Luís, promovido pela Casa do Povo de São Luís,
Sociedade Musical e Recreativa Sanluizense, grupos de foliões e etc.
Vídeo síntese da edição de 2023 do 'Montras - Festival Comunitário de Artes e Artesãos de São Luís',
que se realiza na nossa aldeia, todos os anos, no verão.